LIBERDADE DE IMPRENSA X LIBERDADE RELIGIOSA
Recentemente testemunhamos uma comoção mundial por conta de atentados terroristas realizados por grupos de radicais muçulmanos na França. Nesse atentado, integrantes da equipe de um jornal satírico chamado Charlie Hebdo foram assassinados enquanto trabalhavam na sede da redação do mesmo. A justificativa do grupo que reivindicou a autoria dos atentados, foi o fato de que o referido jornal fez publicações ridicularizando a religião muçulmana. Passada a comoção inicial, o mundo se dividiu entre os que defendem o direito da imprensa em realizar esse tipo de publicação e os que defendem o direito de cada cidadão poder professar sua fé sem que a mesma seja exposta a situações vexatórias e constrangedoras.
Bom, eu defendo a liberdade de imprensa, no sentido de que a mesma não deve ser regulada pelo Estado, uma vez que isso a deixaria engessada, voltaríamos ao tempo da censura, da ausência da liberdade de expressão, seríamos todos obrigados a engolir uma linha de pensamentos impostos por autoridades, etc. Entretanto, como tudo na vida, acredito que essa liberdade de imprensa precisa ter seus limites. Em especial quando o assunto é a liberdade religiosa e de opinião, pois esse é um direito humano fundamental e não deveria ser violado para dar lugar ao deboche, ao menosprezo da fé alheia. Alguns poderiam argumentar que nem todos são religiosos, mas acontece que a liberdade religiosa inclui também o direito de não seguir nenhuma religião ou de ser ateu. Eu tenho minha fé, sou Cristão, respeito todas as outras filosofias religiosas, bem como respeito o pensamento de quem diz não acreditar em Deus. Da mesma forma, creio que os que não professam uma fé ou crença, deveriam minimamente respeitar os que professam e não tentar menospreza-los através de publicações depreciativas. Para mim, o direito de expressar pensamentos através da mídia, termina onde começa o direito individual de expressão da fé e da religião, com respeito mútuo.
Entretanto, não estou aqui defendendo os muçulmanos. Estou defendendo o direito a ter e professar uma fé. Da mesma forma que acredito que os muçulmanos devem ter a liberdade de praticarem sua religião sem serem achincalhados por isso, acredito também que os métodos utilizados por eles para combaterem essa prática tola da imprensa satírica são inaceitáveis e devem ser duramente combatidos para que não se propaguem, pois nada justifica combater imbecilidade com mortes. Seria tão bom se houvesse bom senso de ambas as partes. No Brasil vemos alguns exemplos de tolices como essas, como por exemplo o festival de besteirol chamado porta dos fundos que é aplaudido por muitos, mostra total desrespeito a fé e não possui a minha admiração. Ao contrário, além de achar uma grande fábrica de diarreia cerebral, vejo como uma desnecessária exposição da população às reações não menos idiotas dos fundamentalistas religiosos mais radicais que são imprevisíveis e realizam seus ataques de forma inesperada e em locais diversos. A minha pergunta é, pra que isso? Pra que ficar hostilizando com piadas o direito a uma opção religiosa? Pra mim essa imprensa satírica é ridícula.
